Cai a
noite. Lá no fundo do campo, um rancho deixa sair pelas frestas a luz de um
lampião que na cabeceira da cama de uma prenda alumia as páginas da carta que o
namorado escreveu lá do quartel da cidade.
(Minha “princeza inesquesivel oji pegu” na pena...)
O papel perfumado ameniza o cheiro da fumaça. Os olhos vão até o fim da linha e voltam com ansiedade devorando as palavras enquanto o coração acelera o compasso.
É a primeira carta desde que ele foi. Pouco romantismo e muitas “milicadas”. Novidades sobre a nova vida, mas mesmo assim ela vai saboreando as palavras. Fecha os olhos e imagina seu bem-amado teso dentro de uma farda verde-oliva.
As horas vão passando puxadas pelo canto de um grilo e a prenda volta mais uma vez ao início da carta. Lê e relê, acaricia o papel e na sua cabeça vai preparando a resposta.
Amanhã, quando o mano for na venda vai pedir que traga papel e envelope para escrever ao recruta, conforme seu pai chama o rapaz (o que ela não aprova).
O sono não chega e mais uma passada de olhos na carta.
O grilo silenciou seu canto e o lampião vai diminuindo a luminosidade por falta de querosene e a luz mal e mal chega até as frestas.
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Agora ela dorme com a carta sobre o rosto e o lampião fumega queimando o pavio.
Bem como antigamente, vinhamos sentar praça e a namorada ficava no Rancho ou cidade pequena. E falava-mos mais das novidades que do amor deixado por lá.
ResponderExcluirIsso mesmo parceiro. Volte sempre ao Blog e que o estoque de fotos bonitas não termine para que de quando em vez eu possa dar um pealo em alguma pra ilustrar meus modestos trabalhos. Um abraço!
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