Foi
rebenqueando a sorte
que
viveu o velho Tenório
era
um mulato simplório
de
fibra e caráter forte
peleava
até com a morte
pra
defender seus direitos
tinha
lá os seus defeitos
que
carregava consigo
mas
pra servir um amigo
também
tinha lá seu jeito
Homem
calmo e pouca fala
de
confiança e de palavra
tinha
descendência escrava
remanescente
das senzalas
um
grande saber na mala
modesto
e respeitador
nas
lidas um professor
seriedade
e fino trato
mas
mesmo assim o mulato
foi
deserdado do amor
Um
taura das madrugadas
e
das noites de serões
no
aconchego dos galpões
ou
nos tapetes de geada
um
centauro nas estradas
na
condução de uma tropa
tinha
por quincha a copa
de
um chapelão bem bagual
e
um poncho marca Ideal
de
deixar o frio na toca
A
muitos patrões serviu
com
presteza e honestidade
mesmo
com o avanço da idade
os
tropeços resistiu
foi
como água de um rio
fertilizando
a terra
foi
combatente em guerras
foi
um herói sem medalha
silenciando
qual metralha
conforme a luta se encerra
Hoje
o mulato descansa
talvez
sendo o peão caseiro
num
cemitério campeiro
lá
no fundão da estância
como
alguém sem importância
sem
norte e sem razão
sem
uma cruz com a inscrição
pelo
menos com as iniciais
sendo
um torrão a mais
a
confundir-se com o chão
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