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quinta-feira, 3 de junho de 2021

ÂNSIA DE BAILE




Ansioso espero o sábado

pra ir pro saracoteio

e pra ver se me enleio

nas tranças de uma chinoca

pois o meu rádio provoca

e eu carrego a bateria

quando no programa anuncia

Baitaca e o Fundo da Grota

 

Me pego com a vassoura

e saio espalhando o pé

vai poeira pro santafé

com a batida do taco

o suor do meu sovaco

escorre pela costela

e o cabelo da magrela

vai se desmanchando em fiapo

 

Um passeio pelo galpão

pra firmar a andadura

e golpear aquela pura

que busquei lá no “lambique”

pra sábado manter o pique

matando minha coceira

entreverado na poeira

dando alce ao apetite

 

Vem o sábado com sala cheia

copa farta e bom gaiteiro

deixa o vivente faceiro

que nem pinto na “quirela”

a lua vem na janela

espiar o “burburim”

talvez pra encontrar em mim

o par pra dançar com ela

 

Como a noite fica curta

no vai e vem de um surungo

parece que até o mundo

arrodeia mais ligeiro

na fumaça vem o cheiro

da querosene no fim

mas aquela ânsia em mim

não termina por inteiro

 

Já pensando noutra volta

madrugada sigo o rumo

um dia sei que me aprumo

juntando os trapos com alguém

morar longe e sem ninguém

não há cristão que aguente

porque solito um vivente

nem a sorte lhe faz bem

 

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