Foto de Giancarlo M. de Moraes
Lá num fundão de campo, o posteiro chimarreava à tardinha, depois de mais um dia de lida.
Um radiozinho
portátil, sintonizado na “rádio” mais próxima, lhe trazia notícias, avisos,
anúncios, músicas e a previsão do tempo. Esta era sua maior chuleada, na esperança da
vinda de pelo menos, uma chuvita.
Por vezes,
sua prenda vinha até o terreiro para um mate. Aproveitava a música para uma
saracoteada com o piazito que se enfezava já com entono. Depois ela voltava
para o costado do fogão.
O guri
safadito no “más”, dava todo o volume do rádio e encostava no ouvido do
cusquinho, que uivava espichando bem o pescoço e levantava a cabeça, fugindo
para baixo do forno, com a cola no meio das pernas.
Aquilo era uma diversão, pra ele,
que se desmanchava em risos, até que o pai lhe tirava o "aparelho" da mão, com um
sopapo. Daí vinha o choramingo e a mãe perguntando: o que foi? Nada respondia o
pai.
Mais uma
cambona d’água até que o programa chegasse ao fim e então, desligar o rádio já
que iniciaria a “Voz do Brasil” e o “táá na meeesaaa”, anunciado com carinho
pela prenda.
Conforme a
previsão, a chuva negou o estribo mais uma vez, e ele olhando para o horizonte
avermelhado, coçou a cabeça e entrou no rancho levando o rádio e o guri,
enquanto o cusquinho, lá do seu esconderijo, espiava os dois.
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