Foto de Giancarlo M. de Moraes
No canto da
taipa do açude, depois do banho à tardinha, o piá fazia pratear aos últimos
raios de sol os lambaris esfomeados.
O caniço de
taquara assobiava ao vento, naquele vai e vem, ao arremessar o anzol iscado,
que mal batia n’água e a linha se estendia qual corda de violão.
Que
bichinho esganado e ligeiro! Tinha que estar atento, se não num vup, a isca se
ia e quando isto acontecia, o peixe era xingado.
Uma fina
vara de alecrim desfolhada era aonde os já pegos, cuidadosamente iam sendo
enfiados, lembrando uma réstia de cebola. Isto começou desde uma vez que os
bem-te-vis davam voos rasantes, levando no bico os lambaris que pulavam na
grama, assim que o piá atirava pra trás.
A diversão
terminava quando lá das casas gritavam pra ele botar as vacas.
Ainda com o
cabelo molhado, subia a coxilha levando em uma mão o sabão e na outra o caniço,
a varinha com os peixes e uma cuia velha com o resto das minhocas que eram atiradas aos
pintos no terreiro.
A pequena
“réstia de lambaris” ficava enfiada contra o capim da cozinha até o outro dia
cedo para ser limpa por ele e ao longo da manhã, depois de passar na farinha de
mandioca, a vó fritar na velha frigideira com a banha bem quente pra torrar bem
“os espinhos”.
Ao meio
dia, já mastigando um frito, o piá com um brilho nos olhos, estufava o peito e dizia aos da casa:
- “Se serve”!
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