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sábado, 24 de agosto de 2013

SEM TEMPO DE SER CRIANÇA


Meu filho “já’stá” na hora,
toma teu café e vai.
Cedito o piazito sai,
seja lá com qualquer tempo,
para ajudar no sustento,
do rancho que perdeu o pai.

É o mais velho dos guris,
da viúva Laudelina,
franzino, canela fina,
qual o cabo da enxada,
que deixa suas mãos calejadas,
do vai e vem nas capinas.

Bombacha velha e surrada,
retalhada por remendos,
remangada aparecendo,
as suas finas canelas,
uma carcaça de chinelas
e um chapéuzito cinzento.

Levando a enxada no ombro,
a exemplo de Jesus,
que carregou sua cruz,
até o Monte Calvário,
vai o piá sem salário,
que a própria sorte conduz.

Não teve culpa o guri,
de nascer em berço pobre
e por mais que a vida cobre,
não desanima o piazito,
mas quem sabe se solito,
por alguma vez não chore?

Deu buenacho de serviço,
caprichoso e de confiança,
virtudes de uma herança,
do pai que foi sempre exemplo,
para o piá que vai crescendo,
sem tempo de ser criança.


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