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domingo, 10 de maio de 2020

FINO TRATO




Um vizinho que viera morar na redondeza, tinha umas filhas muito bonitas e dançadeiras. Quando entravam no salão, nas noites de baile, entravam sempre juntas e cada qual mais chamativa.
A rapaziada ficava de orelha em pé, na disputa pra dançar com elas, porém tinha um detalhe: elas se esquivavam quando o par não era do agrado e davam uma desculpa e entravam temporariamente para dentro do quarto das moças.
Aquilo foi se tornando comentado entre os moços e um deles, boa gente, dançador desengonçado e feio, de outra feita já havia levado um “não” de uma delas.
Certa noite, quando íamos para o baile, ele estava junto e jurou que dançaria com uma delas, custasse o que custasse. Nós aconselhamos de que não fosse arrumar encrenca, pois tanto ele como elas eram de famílias tradicionais da região. Ele só disse: 
- Deixa comigo!
Iniciou o baile sem a presença delas, porque era de costume sempre chegarem mais tarde. O feioso já tinha pago entrada e estava perto da porta do quarto das moças, como quem não queria nada.
A música animada, os pares dançando e de repente entraram as três e foram pelo costado da pista direto ao quarto onde o feioso estava de plantão.
Quando a primeira das bonitonas passou por ele, segurou no braço dela convidando pra dançar. Como sempre, ela arrumou uma desculpa de que tinham vindo de reboque e estava toda empoeirada e com cheiro de terra. O feioso arrastou ela para a pista de dança e disse:   
- VAI COM TERRA E TUDO, realizando assim sua promessa e piscando o olho quando passava por nós.



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