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domingo, 10 de maio de 2020

UM BAILE LÁ FORA




Cavalo, carroça, carreta,
trator, jipe, caminhão
bem na frente do salão
amontoavam-se na estrada
vinha gente da Picada
do Rincão Capão Bonito
lá da Vila do Mosquito
e do Passo da Cavalhada

Às oito horas da noite
tinha início a dança
no Salão Nova Esperança
de um tal Chico Machado
o gaiteiro bem pilchado
estreava uma gaita nova
prêmio que ganhou na trova
que disputou no estado

Seu Chico gente buena
é quem cobrava a entrada
controlava a rapaziada
junto com o mano Batista
sua filha uma artista
trança negra e amorenada
dessas que não perde nada
pras de capa de revista

Na copa um gordo careca
com um guardanapo no braço
tamborilava o compasso
com os dedos no balcão
ocupando a outra mão
para um aceno amistoso
enquanto um chamamé choroso
ecoava pelo salão

Prenda linda não faltava
cada qual mais dançadeira
tinha velha alcoviteira
e também um mestre-sala
antes fazia uma fala
deixando recomendando
pros moços serem comportados
se não sairiam da sala

Um punhado de aladins
clareavam que nem o dia
um mulato atendia
nas mesas pelos costados
usava um lenço encarnado
e sempre pronto a qualquer hora
com as canjicas de fora
dava conta do recado
  
De vez em quando as vassouras
chegavam para o salão
e dançavam pelo chão
espalhando parafina
a sola ficava fina
a bota passeava mansa
e a morenaça de trança
mirava de relancina

Vinha a hora do café
da meia noite pra o dia
quem arrumava guria
ia fazer um agrado
a velha ia do lado
acanhada mas faceira
servindo-se de primeira
a convite do namorado

A noite ficava curta
nem se via passar o tempo
tudo saía a contento
todos caiam na dança
e por lá nas minhas andanças
tive muito namorico
com a filha do seu Chico
no Salão Nova Esperança

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