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quarta-feira, 3 de junho de 2020

SEDE DE MATE



Vinha com léguas de estrada
no lombo da minha tordilha
quando avistei lá na coxilha
as grimpas de um catavento
pra quem andava sedento
e louco por um chimarrão
ao ver o rancho meu irmão
senti um calor por dentro

Dei um cutuco na égua
me ajeitando no basto
mudou até o compasso
do coração no meu peito
eu sempre chego com jeito
nos ranchos deste meu pago
onde me vem um amargo
com erva buena e bem feito

Dei oh de casa! Da estrada
e ouvi um chegue pra diante
boleei a perna e num instante
apareceu um paisano
dizendo buenas hermano
te aprochega para um mate
pronunciado num sotaque
brasileiro/castelhano

Dei água para a tordilha
depois segui a jornada
bater casco nas estradas
esta é a minha identidade
mas quando aperta a vontade
dum mate pra matar a sede
sempre tem quatro paredes
nos dando hospitalidade

Assim vou passando os anos
assim vou levando a vida
faz parte da minha lida
chimarrear em algum momento
sou calmo não sou briguento
sou da paz reprovo a guerra
e que Deus me guie aqui na Terra
até findar o meu tempo

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