Uma nesguinha de sol
já bem no final da tarde
lambia a quincha do galpão
um ventito caborteiro
desinquietava o mulato
que tratava a criação
Entrou e fechou a porta
foi dar um jeito no mate
pra mod'esquentar o peito
juntou tição com tição
abanou com o chapéu
e cevou bem ao seu jeito
Pediu licença pra o gato
que ocupava o cepo
e ao pé do fogo sentou
numa mão trêmula o palheiro
com a outra atirou o chapéu
onde o gato se deitou
Muitos invernos viveu
e quantos outros viverá
só Deus sabe até quando
curtido pela fumaça
sob a quincha de um galpão
vai vivendo e chimarreando
A carapinha tordilha
sarapintada pela idade
formando par com a barbicha
é mais um dos galponeiros
que não vê passar o tempo
enquanto a vida se espicha
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