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segunda-feira, 10 de abril de 2023

GALPONEIRO

Uma nesguinha de sol

já  bem no final da tarde

lambia a quincha do galpão 

um ventito caborteiro

desinquietava o mulato

que tratava a criação 


Entrou e fechou a porta

foi dar um jeito no mate

pra mod'esquentar o peito

juntou tição com tição

abanou com o chapéu

e cevou bem ao seu jeito


Pediu licença pra o gato

que ocupava o cepo

e  ao pé do fogo sentou 

numa mão trêmula o palheiro

com a outra atirou o chapéu 

onde o gato se deitou


Muitos invernos viveu

e quantos outros viverá

só  Deus sabe até  quando 

curtido pela fumaça 

sob a quincha de um galpão 

vai vivendo e chimarreando 


A carapinha tordilha

sarapintada pela idade

formando par com a barbicha

é mais um dos galponeiros

que não vê passar o tempo

enquanto a vida se espicha


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