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quarta-feira, 12 de abril de 2023

UM POSTAL DE SECA

Quase meio ano sem chuva 

nem sinal de uma neblina

até a velha cacimba

também fez racionamento 

com o sol e a sede do vento 

o banhadinho se foi

deixando o rastro do boi

qual uma fôrma de cimento 


A lavoura esborrachada

mais pra lá do que pra cá 

tristeza igual não há 

do patrão e do peão

dela depende o pão 

na mesa de cada um

é o sofrimento comum

sem avaliar posição 


Porém os velhos coqueiros

magrelos e escabelados 

pelo vento desconfortados

mantinham sua altivez 

o jacaré por sua vez

na lei da sobrevivência 

cambiou pra outra querência

fugindo da escacez 


As garças alçaram voo

"braceando" contra o vento

e um gavião mais que atento

patrulhava com o olhar

um corvo a revoar

tenteava algum bicho morto

e no capão o desconforto

do gado a se mutucar


Foi dura a tal peleia 

tudo ficou arrasado 

um cenário desolado

com a seca avassaladora 

enfim a chuva confortadora

veio pra matar a sede

trazendo de volta o verde 

e a salvação pra lavoura

2 comentários:

  1. Muito boa esta poesia parceiro.
    Retratando a verdadeira situação do nosso pago, devido a seca vivida, no campo e na cidade
    Parabénseum forte abraço.

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