Desenho próprio |
Coriei
um pé de embira,
lá
no capão da invernada
e
da casca desfolhada,
fui
desfiando em tiras
e
uma "trança de mentira",
aos
poucos ia formando,
se
espichando, se espichando,
sendo
medida com o braço
e
a argolinha de um basto,
na
ilhapa se ajeitando.
Lá
no jirau do galpão,
trabalhei
escondidito,
gosto
de lidar solito,
pois
não queria opinião,
sentindo
câimbra na mão,
mas
não era por acaso,
talvez
até por desazo
e
outras lidas de rotina,
a
palma da mão já fina,
pra
fazer dentro do prazo.
Foi
invenção da gurizada,
pra
um rodeio no arvoredo,
porém
guardando segredo
e
a criação reservada,
patos,
marrecos, a cuscada,
leitões
guaxos e angolistas
e
nós seríamos os artistas,
barba
de carvão na cara,
com
os fletes de taquara,
mandando
corda na pista.
E
o domingo chegou
e
com ele o retoço,
lá
da horta até o poço,
uma
pista se ajeitou
e
o primeiro que saltou,
um
baita pato picaço,
não
correu nem foi a passos,
bateu
asas e se foi,
e
como eu lacei o “boi”,
levou
pro açude meu laço.
Foi
a farra dos guris,
diante
daquela proeza,
mas
eu demonstrei firmeza,
é
até ao açude corri,
fiz
que nem um lambari,
ziguezagueando
por isca,
repontei
o pato pra pista
e
não perdi pra o picaço
pois
os tentos verdes do laço,
garantiram
minha conquista.
Isto
foi lá na infância,
tempito
bueno que tive,
que
a cada dia revive,
neste
meu eu criança
e
os tentos daquelas tranças,
dentro
de mim amarrados,
me
mantém enraizado,
naquele
costume antigo,
que
ainda trago comigo,
apresilhando
o passado!