O patrão
era acostumado a encilhar o cavalo e a conversar com ele, durante a encilha e a
lida.
Um certo dia, se atrasou e pediu a um peão que era meio “estabanado” para encilhar. Na pressa, o cavalo foi encilhado e o patrão, que por sinal pesava lá seus cento e poucos quilos, alçou a perna e saiu pra lida.
Já havia andado um bom trecho, quando voltou à calma e se deu conta de que não tinha conversado com o animal, que por sua vez também só balbuciava uns resmungos por entre os dentes.
O patrão então deu um tapa de leve na tábua do pescoço do cavalo e após cumprimentar, perguntou o que tava acontecendo e qual o motivo dos resmungos. A resposta foi só resmungos. O diálogo parou por aí, já que o cavaleiro tinha o pavio meio curto e o cavalo sabia.
De volta pras casas, chegou a hora da desencilha e o patrão perguntou ao cavalo se já tinha passado a crise de “emburramento” e só ouviu resmungos por entre os dentes.
O patrão estourou e disse que não falaria mais com ele, pois que fosse curtir seu mau humor onde bem quisesse.
Ao se ver só com o buçal, o cavalo pediu licença e disse ao patrão:
- Eu não
estou mal humorado. Só quero dizer que se colocassem um freio por baixo de sua
língua, com a barbela bem apertada e mais cento e cinquenta quilos no lombo, o
senhor iria corcovear na hora que alguém botasse a bunda no arreio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário