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quinta-feira, 23 de maio de 2013

ANDARILHO


Sem sorte e sem rumo certo,
passou nas estradas e nos corredores,
fantasiando sonhos de muitos amores,
com cartas velhas, nos papéis em branco.
Mais de cem cuscos lhe fizeram guarda,
chuva, sol quente e brasinas geadas,
calaram fundo, mudando seu tranco.

Tinha um sorriso pra cada pessoa
e um buenas tarde de tremer o peito,
alguma changa, quando desse o jeito,
pra os pilas curtos render canha e fumo.
Sua pilcha, de remendos largos,
um pala branco, que já estava pardo
e um chapéu preto, que virou lobuno.

Por lobisomem, ás vezes passava,
na prosa séria da vil gurizada,
em histórias ingênuas, sendo fantasiadas,
entre suspense, segredo e mistério.
Léguas e léguas batidas de chão,
na confiança de um velho bastão,
cetro simbólico de um falso império.

Notícia vinda de outras querências,
sobre a partida daquele mulato.
Com egoísmo, ignoraram o fato,
que Deus chamara ao céu mais um filho,
dando-lhe vida através da morte,
pra que achasse enfim, o rumo e a sorte,
junto a Ele, o pobre andarilho.

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