Foto de Eron Oliveira da Silveira |
Deixo a cidade e vou para o campo,
matar a saudade de um fogo de chão,do chio da chaleira com água da sanga,
da cuia morena do meu chimarrão.
Deixar a fumaça arder nos meus olhos,
dormir nos pelegos no velho galpão.
Ver a madrugada no canto dos galos,
dizendo pra Dalva que apague o lampião,
que o clarão do dia desperta a sombra,
do mestre da cerca, deitada no chão,
do baio pastando na frente do rancho,
esperando a hora da encilha do peão.
Chegar na mangueira e tomar o apojo,
com cheiro de pasto e de cerração,
olhar a curruíra entrar sorrateira,
num porongo velho que tem no galpão.
Ver o João-de-Barro chamando a parceira,
que venha pra o rancho que fez no moirão.
Ver garças que cruzam bordando o céu,
ouvir quero-queros cantando o refrão,
a grama molhada que encharca o chinelo
e até um espinho cravar no garrão.
Me ver de novo naquele guri,
que um dia chorou ao deixar o seu chão.
Depois volto à lida da cidade grande,
sentindo um aperto no meu coração,
daqui mais uns dias vou pra fora de novo,
as rédeas da ânsia conduzem minha mão.
Enquanto não chega a hora da ida,
reparto a saudade com meu violão!
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