do negro velho
Olavo
era filho de
escravo
mais velho que
a galena
a pele mais
que morena
tisnada pelo
sol quente
tinha um
sorriso contente
no rosto daquele
idoso
brotando
voluntarioso
na brancura
dos seus dentes
O galpão seu
parador
com os
pertences e o cachorro
tendo os
pelegos de forro
e o pala por
cobertor
de lençol o
tirador
de travesseiro
o lombilho
não sabia mais
dos filhos
depois que a
mulher morreu
mas nem por
isto perdeu
dos olhos
pretos o brilho
Erva buena
sempre tinha
e a costela na
brasa
passava em
volta da casa
dando boia
pras galinhas
apartava
alguma rinha
varria bem o
terreiro
fumaceava um
palheiro
preso no canto
da boca
e cantava com
voz rouca
sacudindo um
pandeiro
No campo pra
dar um passeio
às vezes lhe
apetecia
ver as vacas
com suas crias
tirar o mofo
do arreio
no cavalo dar
um floreio
e uma
arrastada no laço
sentir no
rosto o mormaço
daquele sol de
janeiro
e o cachorro
companheiro
na sombra do
seu picaço
tio Olavo se
deu mal
parecia um
bagual
o picaço
quando vinha
só se via a
carapinha
do negro já
sem chapéu
foi aquele
escarcéu
e todo mundo
corria
nem rezando a
ave maria
se escapou do
boléu
Acudiram o
coitado
mas já estava
lá no céu
todos tiraram
o chapéu
e um pai nosso
foi rezado
avisaram no
povoado
da morte do
pobre peão
mandaram
chamar o irmão
fizeram
bombacha nova
depois cavaram
uma cova
de sete palmos
no chão
Conforme havia
pedido
foi de lenço
colorado
pra no céu
chegar pilchado
quando fosse
escolhido
queria estar
prevenido
lá na
querência divina
e assim de
relancina
se viesse a
ele o lampejo
de um mate e
junto o beijo
no encontro
com sua china
O luto cobriu
o galpão
e silenciou o
pandeiro
ficou o toco
do palheiro
se
desmanchando no chão
a banqueta no
oitão
triste lá fora
ficou
o picaço se
quebrou
em
consequência do susto
morreu o pobre
do cusco
e o pai-de-fogo apagou
Nenhum comentário:
Postar um comentário