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domingo, 8 de abril de 2012

MATE



Quando ajeito o porongo
na concha da minha mão
pra cevar um chimarrão
com uma erva especial
neste diário ritual
de água, bomba e cambona
a minh'alma se arrincona
neste Rio Grande bagual

Um mate nos mata a sede
mata também a saudade
reforça a amizade
numa roda galponeira
e a cuia velha parceira
das tardes e madrugadas
passeia por entre a indiada
prenda morena faceira

Te adoças para as prendas
pra ficar igual a elas
e o beijo dos lábios delas
que a bomba te repassa
tem a ternura e a graça
da nossa mulher pampeana
que no mate se irmana
na miscigenação de raças

Rude bebida gostosa
templada por jesuítas
seiva pura e bendita
adotada neste pago
é por isto que te trago
emponchada nos avios
nos dias quentes ou frios
nas lidas e nos afagos

No teu roncar anuncias

que estás chegando ao fim
entendo como um convite
de outro mate pra mim

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