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sexta-feira, 13 de abril de 2012

NA MOLDURA DAS COXILHAS

Um Cury da cor da noite,
sobre a melena fincado,
num barbicacho trançado,
se garantindo ao vento,
o zaino troteando atento,
trocando orelhas faceiro
e um laço velho campeiro,
apresilhado nos tentos.


Uma bombacha de favo,

sobre a bota debruçada,
uma adaga atravessada,
em diagonal à espinha
e qual um galo de rinha,
duas esporas bagualas,
que ainda riscam a sala,
nos bailes da tia Candinha.


Um nagão do berro grosso,

escondido na camisa,
só puxa quando precisa,
ou a situação requer.
Um cambicho de mulher,
às vezes nos traz perigo,
ou pra defender um amigo,
se faz uso dos“talher”.


Tal o sol num fim de tarde,

no pescoço um colorado,
abanando pra os dois lados,
juntando de novo as franjas,
relho cabo de pitanga,
com a mesma trança do apero,
e uma água de cheiro,
pra disfarçar a da sanga.


Pras intempéries do tempo,

sobre a anca do animal,
um poncho marca Ideal,
da mesma cor do sombreiro,
dois cuscos flor de campeiros,
que ficam de sentinela,
na hora de molhar a goela,
no balcão do bolicheiro.


Esta é a estampa do taura,

desta Terra Farroupilha,
que na moldura das coxilhas,
peleou e queimou cartucho,
isto sim é o nosso luxo,
é isto que nos orgulha,
pois ainda tem bala na agulha,
nas garruchas dos gaúchos!

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