A tarde continuou com o sol brilhante como o que fez durante a manhã. A gurizada se reuniu e saíram para melar as lixiguanas que haviam sido achadas durante algumas semanas, no meio das touceiras de guavirova do campo e marcadas para a melança quando chegasse o domingo. E o domingo chegou, com o vento a calhar.
Resolveram
levar, pela primeira vez o piá mais novo, sob a responsabilidade do mais velho
da turma com as recomendações da mãe.
Dois
cusquinhos faziam parte do “batalhão”. Cada guri levava um casaco ou um
cobertor para proteção contra as ferroadas. Um saco de estopa era enfiado por
sobre o chapéu e amarrado no pescoço. Um gancho bem afiado na ponta de uma
taquara de mais ou menos três metros, facão e uma lata de leite ninho, bem
limpinha e vazia, para no caso das lixiguanas serem gordas, guardar o mel.
Entusiasmado,
o melador de primeira viagem tagarelava com lorotas de que isso e aquilo, que
eu fiz, que eu faço e assim prosseguiam. Os cusquinhos patrulhavam por entre as
moitas farejando e quando em vez, levantavam alguma perdiz ou tico-tico
rasteiro.
Expectativa
geral quando um dos guris gritou que a que ele havia achado estava na moita
logo ali adiante, apontando na direção da mesma.
Vamos
nos encapotar, disse o mais velho. Atemos os cuscos e chegar pelo lado de lá da
moita, a favor do vento. O piazinho, com a ajuda de outro maior, também se
equipou, o que foi conferido pelo mais velho.
De
praxe, o descobridor da lixiguana, era o primeiro a investigar. Silêncio total,
pé ante pé, arreda daqui, arreda dali e uma espraguejada com toda a força do
pulmão:
-
LAGARTO "FIADAMÃE", SOLTEM OS CUSCOS QUE O BICHO AINDA TÁ ALI NA
MOITA.
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