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quarta-feira, 11 de abril de 2012

QUANDO ALGUÉM NOS VISITA



Na sombra do oitão do rancho
mateava devagarito
a china no meu costado
dava mamá pra um piazito
o outro se encorajava
pra dar os primeiros passos
e o mais velho pacholeando
laçava um borrego guaxo

Um garnizé desasado
perseguia uma nanica
na gaiola na parede
se catava a caturrita
juntei cuia e chaleira
e enchi mais um amargo
e um frasco de canha pura
num beijo me trouxe um trago

Vindo nas asas do vento
já quase no lusco-fusco
o grito do quero-quero
deu o alerta pra o custo
ouvi um bater de casco
e um assobiozito floreando
sem demora um  “ ôôôh! de casa”
e meu compadre chegando

Gritei, passe pra diante!
vai  lá guri e desencilha
dei um abraço cinchado
e perguntei da família
vai te chegando vivente
que eu renovo o chimarrão
e gritei pra minha china:
 - bota mais água no feijão!

“Caramelo pro afilhado
e lembranças pra comadre
e o meu rancho nestas horas
de alegria se invade”


A china e o guri do meio
se mandam pro galinheiro
sem demora uma polaca
estrebucha no terreiro
o cusco num alarido
aperta a franga co’as mãos
e o piá num jeito campeiro grita:
- deixa, deixa, Sultão!

Vamos matando a saudade
enquanto o tempo passa
entre um trago e um amargo
um palheiro faz fumaça
a lua clareia o céu
dando a noite mais beleza
e a china sai no terreiro
e diz que a boia tá na mesa

Receber uma visita
nos dá prazer e conforta
meu rancho não tem tramelas
e não uso trancas nas portas
vivo alegre e satisfeito
feliz na minha morada
esperando as visitas
eu a china e a gurizada

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